O risco é grande e, pior ainda, crescente. O que pode suceder quando um
alvejado por agressões orais do presidente do Supremo Tribunal Federal
usar o direito de reagir à altura, como é provável que acabe
acontecendo? Em qualquer caso, estará criado um embaraço extremo. Não se
está distante nem da possibilidade de uma crise com ingredientes
institucionais, caso o ministro Joaquim Barbosa progrida nas investidas
desmoralizantes que atingem o Congresso e os magistrados.
O fundo de moralismo ao gosto da classe média assegura às exorbitâncias
conceituais e verbais do ministro a tolerância, nos meios de
comunicação, do tipo "ele diz a coisa certa do modo errado" --o que é um
modo moralmente errado de tratar a coisa errada. Não é novidade como
método, nem como lugar onde é aplicado.
Nem por isso o sentido dos atos é mudado. "Só se dirija a mim se eu
pedir!" é uma frase possível nas delegacias de polícia. Dita a um
representante eleito da magistratura, no Supremo Tribunal Federal, por
seu presidente, é, no mínimo, uma manifestação despótica, sugestiva de
sentimento ou pretensão idem. Se, tal como suas similares anteriores,
levou apenas a mais uma nota insossa dos alvejados, não faz esperar que
seja assim em reedições futuras desses incidentes.
Afinal, quem quer viver em democracia tem o dever de repelir toda
manifestação de autoritarismo, arbitrariedade e prepotência. É o único
dever que o Estado de Direito cobra e dele não abre mão.
Nota: Concordo. Admiro e respeito o Presidente do Supremo Tribunal Federal, mas ele precisa mudar a maneira como tem agido. Sem estardalhaço. Firme, servindo-se da confiança que todos depositam nele como uma autoridade de caráter inquestionável.
Enéias Teles Borges
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